domingo, 8 de abril de 2012

Uma arte menor

Friends, The Big Bang Theory, Community, Twin Pix, CSI, Law and Order, The Good Wife. Hoje em dia, um dos assunto mais abordados entre amigos e pessoas em geral, e sobre o qual fico sempre a boiar, são as tais séries televisivas. Listei algumas das quais mais ouço falar. Confesso que esporadicamente já vi um episódio ou outro, apenas de passagem pela sala. 

Há para todos os gostos, idades, gêneros e interesses. Algumas são bem populares, outras mais cult ou de abordagem polêmica, instigante, diferente do normal. Muitos dos indivíduos que as acompanham baixam suas temporadas antes mesmo de serem anunciadas na TV, tamanha é a ansiedade. Acho isso uma coisa meio que bizarra, pois nunca consegui seguir nenhum desses enlatados.

Os motivos são vários. Acho que minha curta paciência seria o primeiro deles. Já tentei começar a assistir algumas, como House e Dexter. Confesso que acho a temática de ambos bem interessante. Um médico genial que sofre com um problema crônico em sua perna causado por uma necrose muscular, que o levou a ser dependente de analgésicos. Um fotografo que faz retratos de cenas onde aconteceram assassinatos hediondos, que tem como "hobby" esquartejar os que cometeram aqueles crimes (vejam bem, são apenas análises superficiais). O problema é que depois de alguns episódios (quatro, no máximo), acabo por perder o interesse. Na verdade encontro outras coisas que julgo mais importante fazer do que ficar plantado em frente à TV por cerca de uma hora, sendo que isso me obrigaria a repetir tal rito inúmeras vezes para saber o final da trama.

Um outro motivo talvez seja a escassez de tempo disponível. Durante o ano tenho alguns compromissos que ocupam boa parte dos meus dias. Trabalho, faculdade, aulas particulares, enfim, coisas que se fazem necessárias em nossas vidas, pois achamos que trarão algum tipo de resultado concreto no futuro. Aí vocês me perguntariam: "Mas e quando você está em casa?". E eu responderia: "Prefiro a literatura, as histórias em quadrinhos e o cinema, necessariamente nessa ordem de preferência."

Em uma das poucas entrevistas que acompanhei esse ano no programa Roda Viva, da TV Cultura, a qual já citei nesse espaço anteriormente, fui obrigado a concordar com a tese do maior magnata da televisão brasileira. Quando perguntado sobre o por quê das séries brasileiras não fazerem tanto sucesso quanto as estrangeiras, Boni respondeu que os assuntos abordados pelas tupiniquins não eram bons, que os diretores deveriam se voltar para a literatura brasileira e fazer adaptações de suas obras. 

Concordei e concordo plenamente. Seria, além de uma baita e genial sacada para aqueles que gostam de livros, uma forma de despertar o interesse daqueles que nunca tiveram  oportunidade ou interesse de conhecê-los. As adaptações não precisam ser necessariamente fiéis à época em que as obras foram escritas. Cada roteirista poderia dar sua visão, desde que não corrompesse a história original.

Um bom exemplo disso é Sherlock, uma série inglesa que adapta as histórias detetivescas escritas por Sir Arthur Conan Doyle em um universo contemporâneo e moderno. E, particularmente, foi feita para mim, pois possui três episódios por temporada. Que sirva de exemplo para os produtores desse gênero que, para mim, comparada às três formas acima citadas, ainda é uma arte menor, reflexo de um tempo em que ideias são modificadas a cada cinco segundos.

9 comentários:

  1. As séries que citou são bem interessantes, ouço dizer muito bem a respeito. No entanto, também não possuo tempo suficiente para me dedicar a televisão. A única que assisto regularmente é Supernatural, uma de ficção, mais voltada para diversão mesmo. Mas também não é fanatismo, assisto quando tenho tempo.

    Concordo sobre o que falou das séries brasileiras, deveriam haver um toque maior da nossa rica literatura. Acho que assim elas fariam um pouco mais de 'sucesso', pelo menos atenderiam a uma maior parcela da população, a qual eu estaria inclusa. rs'

    Beijo.

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  2. A idéia de adaptar livros para séries brasileiras é boa sim, acho realmente que isso incentivaria a leitura.

    Quanto às séries americanas, conheço gente que não faz outra coisa na vida a não ser acompanhar todas que passam. Confesso que tudo em excesso me dá agonia, acho que devido ao meu vício de drogas no passado, acho que tude que excede é ruim.

    Eu gosto de algumas séries americanas. Sigo Dexter, The Vampire Diaries e True Blood. Já percebeu que adoro histórias de vampiros e serial killers, né? Mas já acompanhei mais séries americanas quando era casada, porque meu ex adora e eu ia no embalo, com a separação fiquei só com as que gostava realmente.

    Acho que podemos experimentar de tudo sem fazer só aquilo. Confesso que tenho agonia com quem só lê, só assisti filmes, só fica na internet, só isso, só aquilo. Acho que a vida é feita de um pouco de tudo.

    Beijocas

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  3. Bom, já conversamos algumas vezes sobre isso, mas o que me intriga é a generalização dentro de todos os gêneros. Acho que dentro deles há tanto "arte menor" quanto "maior". Não é por que algo é chamado de literatura que o que ali é escrito seja, se fosse assim incluiríamos algumas obras que prezam apenas pelo entretenimento, não pelo desvio da norma. Pensando por esse lado, é esse o papel de séries de TV, primeiramente: entreter. Pode ser por isso que ela seja considerada uma arte menor, assim como a novela aqui no Brasil. É uma questão cultural, no horário nobre das maiores emissoras americanas temos séries, aqui novelas, até por conta disso que as nossa produções não são tão apreciadas, por serem colocadas as vezes em horários pouco acessíveis.

    Eu sou um grande defensor das séries, elas, como o cinema, tem grande "dívida" com a literatura. E é com essa e com aquelas outras que eu divido meu tempo livre.

    Bom texto, Murilo. Abraço.

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  4. Parabéns pelo texto!
    A citação do Boni é pertinente.
    Eu acredito que não apenas as séries deveriam ter como base a nossa literatura, mas também peças de teatro e musicais. Fico desapontado rsrs quando vejo esses musicais "gringos" encenados aqui. Não discordo da qualidade, mas usufruir de verba pública para mostrar - na maioria das vezes - somente a cultura estadunidense é uma maneira de negar às pessoas a própria cultura. E olha que sou viciado em séries... rsr

    Abraços!

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  5. acredito que já haja uma parcela de produtores interessados nas adaptações da literatura brasileira - e até portuguesa - para a televisão, como podemos citar Dom Camurro (série), Os Maias (série), A moreninha (novela), Mar Morto e Gabriela de Jorge Amado(adaptado pra novela, filmes), dentre outros... acho que são tentativas válidas para apresentar essas obras ao público. Que deveria correr atrás da fonte principal, encadernada e se deliciar com a verdadeira história.

    acho que os enlatados americanos são febre pois fáceis e práticos de serem digeridos. frutos dos novos tempos, das fabulosas jogadas de marketing estadunidense, podem dar até status (tevê à cabo é luxo! para alguns.) não assistir a programação da tevê aberta é demonstração de inteligência entre alguns grupos.

    falta mais apoio ao que é feito ou (pelo que é tentado) pela tevê brasileira.

    enquanto isso, dá-lhe enlatados !

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  6. eu gosto das séries, principalmente as policiais e q tem alguma coisa relacionada ao perfil psicológico de assassinos em série, isso foi uma das coisas q me motivou a estudar psicologia.

    o brasileiro (a grande maioria) é muito fácil de ser agradado e é mais fácil ainda empurrar coisas prontas do q produzir algo baseado em literatura brasileira pra fazer as pessoas se interessarem mais pela nossa cultura.

    lembro da série sobre JK, poucas pessoas tiveram interesse em assistir e saber mais sobre o presidente, ou sobre o contexto da criação de Brasília. as pessoas acham q já sabem muito e pronto, o q vem de fora é mais interessante e melhor.

    mas claro, entendo seu ponto de vista e respeito sua opinião sobre as séries, pq realmente, algumas são bem desnecessárias.

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  7. Oi Murilo,

    Finalmente consegui passar aqui para dar uma espiada. Gostei do texto apesar de não concordar com alguns pontos, claro. Para uma série dar certo, ela tem que ter, no mínimo, uma temática diferenciada. É como se fosse um recorte dentro de um tema. Aqui no Brasil ainda se produz séries como se fossem novelas menores.
    Mas, algumas sacadas já deram muito certo e concordo plenamente quando você afirma (mesmo que com base no comentário do Boni) que adaptações seriam uma boa sacada. A globo já fez isso algumas vezes em miniséries. Não sei porque ainda não aprendeu que isso pode também ser usada para séries. Hoje é dia de Maria foi linda! Capitú também.
    Temos vários escritores, fora os clássicos, que poderiam ser adaptados. Mas é uma questão de feeling... A TV aberta brasileira ainda não despertou para isso.

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  8. Não considero as séries uma "arte menor", é claro que dentro desse gênero existem produções "menores", assim como disse meu amigo Pedro logo acima.
    Penso que as séries se adequam ao tempo moderno, aquele no qual não temos tempo para nada.
    Assim como na literatura e no cinema, muitas dessas séries são simplesmente uma forma de diversão. Não há um comprometimento artístico ou conteudístico. Não que isso seja algo ruim. Dispenso uma hora do meu dia para ver as confusões de Sheldon e Leonard e ponto. Não precisarei ficar refletindo sobre esse episódio depois, já que toda significação me é dada (apenas guardo algumas piadas retiradas daquela série para algum bar onde o assunto "estancou").

    Penso também que as séries brasileiras que se propõem a uma produção mais elaborada, tem ainda menos espectadores que as outras, tal o exemplo das séries/minisséries do Luis Fernando de Carvalho. Seria uma lindeza assistir a séries baseadas na literatura, mas me pergunto até que ponto somos uma cultura preparada para isso? De qualquer forma, mesmo com poucos espectadores, tais séries seriam capaz de articular um meio popular de comunicação com um "não-popular" e levar, mesmo que transposta a um novo gênero, a arte que tanto amamos.

    Por fim, acho válido as produções brasileiras chamadas "minisséries", que buscam seu material em fatos históricos. Tais séries tem um grande público por possuírem os artefatos que fazem as novelas, populares (não preciso citá-los), mas possuem o diferencial de os colocar dentro de uma trama elaborada e, com isso, levar a nossa história aos lares brasileiros. Posso citar aqui, Mad Maria, J.K, A Casa das Sete Mulheres, etc.

    Bom, isso aqui ficou maior do que esperava, acho que não fui muito clara em algumas partes, mas de qualquer forma, bom texto e até domingo. ;)

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  9. Olá!!!
    Olha, acho que somos dois conterrâneos que não sabem nada de séries... Eu já comecei a acompanhar uma delas e, confesso, que depois de alguns episódios, perdi o interesse. Sou uma completa mulher rueira, assim o tempo que estou em casa, basicamente durmo ou assisto a algum filme (algo que nunca mais fiz, por causa da agitação que não me deixa ficar parada em frente a uma TV).

    No meio desses assuntos, navego... Fico extremamente por fora da conversa, já que não sei nada disso e dar pitico de algo que não compreendo, não rola.

    Mas, ainda não me fez falta... Se fizer, ótimo. Passo a vê-los. Porém, por enquanto, outras coisas ainda são mais importantes que estas séries televisivas!!!

    Beijos

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